quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Desvairou

Minha cara, 
É doce o presente, assim como o futuro aconchegado em seu embrulho. Em seu leito, tece um filme em sépia, com a leveza da brisa que emaranha os cabelos, que refresca o sorriso tão quente de reluzente e remexe o corpo como um acalanto. Tão pitoresco!
Então, minha cara, por que tantos embaraços ao desfazer os laços deste relógio promissor? 
Andarilhos são os pensamentos, que trôpegos, levantam a poeira do que há de vir, esfumaçando o que ainda está a caminho.  Intempestivos ares interiores que arrastam a matéria viva em seu estado deveras turbulento. À la gauche, interpreta o papel do presente, atarantando o tempo que o sucede. Que o precede. E daqui, o pitoresco reverencia Dali. Tão desatinado!
Minha cara, por que tanta culpa se o motivo da conduta é atender às demandas da câmera vital? 
A existência é o registro da graciosa arte. 
A pintura é única. Pode ser indiferente. Melhor, quando impressiona, inspira os expectadores e os próprios atores.
Por favor, menos delongas, minha cara!

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Roda viva

Claro. A tendência trivial é a redenção ao vício do círculo. Confundem-se nos redemoinhos. E rendem-se aos moinhos. A brisa primeira molesta a essência e as sutilezas são por ela influenciadas, circulam por aí. Mas existem, amém.
E a indagação maior é a persistência da recusa generalizada em reavê-las, a obstinação em repetir a ordem dos fatos, em renegar os sentidos. Tratar como objeto aquilo que não é só carne. Tornar efêmero o acalanto. E por fim, fazer-se também objeto. Objeções impugnantes e onipresentes induzindo à pungência dupla, tripla, ou seja lá quantas forem.
Falhou! Insucesso ao deixar passar desapercebido que uma vez inserido no que circunda, submete-se à recidiva do conforto. E da dor.
É preferível, pois, tornar próprias as reincidências ambivalentes, mas fora deste patamar cíclico. Leviano.

Objetivo: Intenso, mas confortante.
 

domingo, 14 de agosto de 2011

Descartam-se os nós

    Reverte-se o quadro das pungências internas. Desatam-se os nós das cordas que sustentam a inércia do mau estado. Sprint! - Prazer, capítulo que chega, deixando retidos em páginas pretéritas contentamentos dissimulados. Prazer suave e prolongado.
   Esponjoso permanece, porém, o moral. Olhares descaídos apresentados às minhas retinas abalam alicerces recém-reformados. E frestas dos tijolos do espírito se preenchem de perturbação - multifocal.
    Ânsia por mover, num mesmo instante, as demasiadas peças do jogo personificado. Apenas uma dupla de mãos que lida com a distância cultivada em cinco anos, regada por dispersão, plantada pela displicência.
    Nega-se, entretanto, a negligência. Exalta-se o que corre nas veias. Laços sanguíneos requerem intolerância ao descaso.
    O caráter absortivo da índole denuncia, então, a necessidade interventiva desmedida. 
    - Por gentileza, extinção aos nós dos circundantes! 
    Partilha do deleite.
      


domingo, 3 de abril de 2011

Sobre fadiga

       Incoerente é a ilustração do esforço homérico em reprimir as manifestações da índole.
    Com vistas ao combustível minguante, os dias seguem arrastados... Sob a econômica luz da lembrança de tentativas e suas falhas nuances, inoperante é, a perspectiva de acertados tempos idos. Pois a fadiga pós-léguas é inerente à condição humana.
     Incontidas são as gotas que fluem face abaixo. A máscara do sorriso em atacado, com urgência, requer reforma. E após pronta, por favor, me providencie uma super-bonder, para que negada seja  a reincidência do despir facial. Pois a sorrir, pretendo levar a vida.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Quesito indagação

    
    Copos a mais e a recusa, ignorada, à dose extra. Abram alas para os devaneios tolos! Infundados.
    O enredo noturno, em seu itinerário habitual, atendendo às entonações brandas quase impalpáveis. Decibéis numa luta titânica em busca do mérito da sobreposição. Raivosos feito cães com queixas fundamentadas no vão. Uivam, à esmo!
    Prazer em revê-las, vozes tênues. 
    Bem vindos, sussurros apaziguadores!
   Sobressai-se a necessidade dúbia de  troca de amabilidades. Delicadeza ao tocar, dizer e apreciar as meninas dos olhos.  Habituais são, despedidas embebidas em afeto: disponha-me, sem pormenores, não poucas doses.
          

terça-feira, 1 de março de 2011

Preto em branco

Frente à tela em cristal líquido, a afeição viva se mescla à opressão tímida - pungente.
O júbilo: a presa, cujos rastros farejados transcendem léguas. O ataque é iminente, mas não o é, de fato!

Porque é inquietude. E sorri.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Ímpeto

      Ávida pelo pulsar das veias, a álgebra sobe ao palco a fim de declarar que dois é melhor que um, ou que qualquer outra combinação do gênero.
   O tributo à continuidade conforta. A ruptura decorrente das vozes mudas traz à tona o pesar da ausência, mas sobretudo, os quês circundates.
   Deposito nas entrelinhas a vontade desmedida do querer ser em totalidade, ao passo que o temor, desde sempre persistente, me reveste como a roupa do inverno. No entanto, poderá compreender tal temor como qualificado, quando sentir que sua gênese procede do bem-querer.
   Então verá que o somatório de forças opostas resulta num anseio taquicárdico pela ilimitação. Que o tom gélido do desenrolar dos fatos faz-se descartável. Que o que eu mais cobiço é presenciar as piscadelas lentas, o sorriso desconcertado, a voz suave e o jeito doce, mesclados em volúpia. E que, uma vez inserida nesta zona deleitável, permito acesso a meu sorriso genuíno. 
   Rumemos ao que nos aquece. Daí, as luzes não se apagarão. 

sábado, 1 de janeiro de 2011

Para recobrar os sentidos

      Banda esquerda do peito com anos-luz de bpm. Queixo a ultrapassar os limites da escala Richter. Níveis pluviais dos olhos em exacerbo. Só sinais clínicos do corpo cuja alma futricou o passado e, por consequência, se assombrou. Mas assustou-se por se deparar com mentiras - mentiras escutadas, mentiras vividas e seguidas. E sentiu-se vulnerável, frágil, dolorida.
    Percebeu que já estivera anormal previamente. Teve febre, alta - de delirar. Delirar a ponto de botar fé nas palavras que ouvia, nas atitudes que a concebiam. A ponto de sorrir, honestamente, para quem lhe esbofeteara. Sentiu na pele o preço ardente da ingenuidade. Pôs em dúvida o valer à pena a credibilidade. E créditos em outrem pareceram ser risíveis.
     - Se renegas este cenário, querida alma, deverias ter ficado na tua. Já eras. Aguenta-te! Mas sei, com conhecimento de causa, que és forte. Muito.
     Ficou receosa em magoar quem a magoara, em quaisquer cantos que compartilhasse com aquele sujeito. Então este veio com travessas nas mãos e na cabeça, que nem Carmem Miranda. Só que em vez de frutas, ofertou insultos ao ego alheio. 
     Tenho que dizer que brotaram milhares de palavras na boca. Só que não vou citá-las, porque é feio xingar em local público. Fica a seu critério desvendá-las, caro leitor.