quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Dentes à mostra e pálpebras abertas

           O travesseiro não conseguiu absorver tamanha sensação de bem-estar e, teimoso como de praxe, não concedeu mais uma noite de repouso. Noctivaguei.
     Costumo dizer que as fortes emoções não se dão bem com meu leito de sono. Só pra esclarecer: não foi por uma coisa em específico, é só que o céu se limpou num súbito instante, a luz incidiu no meu caminho, e estou a sofrer de cãibras na face, por não saber parar de sorrir. Muito pouco parece suficiente pra eu ganhar o dia. 
     E se quer informação, nem eu sei bem pontuar a procedência dessa vontade demasiada de arreganhar os dentes. Talvez estourou o cano da serotonina. Talvez haja pouco tempo para dedicar a maus presságios. Pode ser que o que digo seja clichê. Certamente enxergo a necessidade de transcendência: satirizar aquilo que quer tirar sarro da gente. Coloquemos os óculos de piada!
     Quanto a você, senhora Infelicidade, fique sabendo que será em vão estender de novo suas pesadas mãos para mim. Porque tendo à leveza. Sofremos de incompatibilidade de gênios. A relação não daria certo, ok?! 
     A noite disse adeus, o dia já cumprimenta. 
    Agora  que já despejei, aqui, um pouco do verbo que transbordava em mim, vou ali tentar fazer as pazes com o travesseiro...