segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Ímpeto

      Ávida pelo pulsar das veias, a álgebra sobe ao palco a fim de declarar que dois é melhor que um, ou que qualquer outra combinação do gênero.
   O tributo à continuidade conforta. A ruptura decorrente das vozes mudas traz à tona o pesar da ausência, mas sobretudo, os quês circundates.
   Deposito nas entrelinhas a vontade desmedida do querer ser em totalidade, ao passo que o temor, desde sempre persistente, me reveste como a roupa do inverno. No entanto, poderá compreender tal temor como qualificado, quando sentir que sua gênese procede do bem-querer.
   Então verá que o somatório de forças opostas resulta num anseio taquicárdico pela ilimitação. Que o tom gélido do desenrolar dos fatos faz-se descartável. Que o que eu mais cobiço é presenciar as piscadelas lentas, o sorriso desconcertado, a voz suave e o jeito doce, mesclados em volúpia. E que, uma vez inserida nesta zona deleitável, permito acesso a meu sorriso genuíno. 
   Rumemos ao que nos aquece. Daí, as luzes não se apagarão. 

3 comentários:

  1. Flor, você como sempre escrevendo textos tão perfeitos que não sei me expressar ao alcance. E esse então, você me entende, tocou profundo.
    "O tributo à continuidade conforta."...
    Realmente, há momentos em que dois é melhor que um. E que nós nos permitamos viver esses plenamente, certo?!

    Beeijo enorme!

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  2. E quem disse que o temor faz frente para um sentimento tão bonito?

    E quem disse que prudência importa?!
    hieuheiuehiueh
    beijo!

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  3. Alguém de mente algébrica disse que é melhor serem dois que um (Ecl. 4.9) – e, como ficou implícito na passagem, que qualquer outro numeral ... Com toda razão, você estabelece que a presença gélida dos temores não será suficiente para desfazer essa conclusão, até mesmo porque tudo o que desejamos é rumar para o que nos aquece.
    Amo seus textos. Há sempre um exercício diferenciado neles. Existe a conhecida história da bela e a fera. Mas eu não sabia que ambas habitavam o mesmo corpo...
    Amo esse blog.
    Um beijo carinhoso!
    Lello

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