domingo, 25 de agosto de 2013

E ficamos tão enclausurados na sala de trabalho, na sala de estar, olhando pros quadrados do teclado, pro cristal líquido da TV, sentindo o peso nos ombros e o cheiro do travesseiro. Se dedica e compensa um enclausuramento com outro. Nem sempre pela vontade, mas pela necessidade. Sinestesia desarmônica. Teias que precisam do desemaranhamento pra que o olfato distingua os cheiros da dama da noite, do mato que balança, do vento gélido da madrugada. O nariz arde gostosamente, o pulmão se enche de maciez. Os olhos se fecham com tamanha paz... e os ouvidos distinguem as particularidades de cada instrumento: os pneus no asfalto, os passos secos do concreto, macios da grama, a determinação dos gravetos quebrando, folhas amassando. O velho vento gélido tirando o peso da nuca. E o pulmão inspira o ar suave, embebido em melodia. Queria abandonar o gerúndio do "ir vivendo" e apenas sentir. Daí a alma incandesceria. Pra que mais?

sexta-feira, 12 de julho de 2013

É Sísifo fadado a levar ladeira acima sua pedra descídua... como esses ciclos se fazem marca ardente! Assustei ao perceber que correram 10 anos após anunciada a largada dessa luta titânica. Tudo aqui dentro se contorce com tantas bagagens despencadas, não vividas, não resgatadas. Estrada sinuosa... Ascendente. Num estalo: adesão à gravidade! São típicos os dias com mudanças abruptas... quão congelante o fervor se torna. Quietinha, retida na crise intempestiva que orienta o isolamento. Angústia sufocante! Queria um machado pra quebrar a estátua gélida. Só que as lágrimas que escorrem se encarregam de derreter frações. Bem paulatino, que é pra dor prorrogar. Acorda dessa pintura simbolista, que já é tempo de nova escola literária. Hahaha! Euforia, contagiante! Pés dominam as duas extremidades. Piadista. Sorri como a lua crescente. Mas que mingua, pois tem que cumprir suas quatro fases... ou quantas aparecerem.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Ser, em qualquer tempo conjugado

Seria abdicação dos ciclos maltrapilhos, cirandas trôpegas - corda bamba em roda viva. Parecia alcance de nascente rota, só era alternância entre o horário e anti. Peleja reciclada - siga a seta aos 360º, num fervor inquietante, provocador de sublimação às avessas. Orvalho das rosas frescas é água cactácea. É planta órfã que não sacia a sede do âmago andarilho desta caatinga.

São olhares turvos, descompassos no peito. É bípede sob passos mancos, que jamais se entrega e se refresca com o leque das adversidades.

Será!



sábado, 23 de fevereiro de 2013

Devagar a divagar


Palpita a ansiedade pelo invólucro ritualista e marcadamente sutil. Copiosamente vigiado. O novelo é pálido e desenrola em embaraços, muito influenciados pela sentinela, cuja presença nada é ameaçadora e muito é energizadora. Não pelo potencial emitido, mas pelo poder absortivo da aresta de cá - fragilidade especialmente trabalhada, na forma de um repetido mantra antiosmótico.

Que não fique desavisado: a resistência à específica pequenez é de longa data e a atual conjuntura só me torna mais hábil. Grata pela contribuição! Faz minimalista o caminho da superação. 

Novo embate.
Obscuras são as demais faces do poliedro metido a indecifrável, sempre ávido pelo rito envolvente. Tamanha envoltura (registrada a sugestão), que compacta o foco até demerecê-lo - fragmento insolente! 

terça-feira, 17 de julho de 2012

Aquiles em meus calcanhares

Um ciclo de crescimento e poda é a rotina da erva daninha, no terreno destas árvores brônquicas. Daí a dispnéia nesses dias de muito matagal e um herbicida desaparecido. Daqui uma plantação de frutos leves subjugada. Dali um clã de pequenas perturbações, que vistas em forma de sombras, aparentam-se titãs.

Sob os três ângulos: um espírito obtuso, que passa por aí sem compreender o porquê deste chumbo engarranchado em seus calcanhares aquilinos.


terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Justa causa

Embonecam-se todos para o festival de máscaras, mas esquecem de ajustar a trilha sonora. Ainda dançam conforme a melancolia se cobrindo com o manto da fuga, que se faz pura lã defumando a carne deprimida. Bela paisagem com um diâmetro relevante de energias nada convidativas.

Acontece que o poder de dissipação dos maus fluidos é vasto diante dos sensitivos, contemplados com o desejo de auxiliar fujões, mas desprovidos da qualidade de se blindarem. Com isso, o clã dos defumados engrandece.

Ora, quanto egoísmo por baixo das fantasias faciais! Mentores ainda verdes praticam seu (ainda) carma de absorverem frustrações alheias mal lidadas. Reduzidas e elevadas percepções de uns e outros acabam por formar esta massa homogênea de pungência.

E eu, já com desculpas prévias, diante de minha (ainda) infante capacidade de blindar, aqui justifico a razão do afastamento.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Desvairou

Minha cara, 
É doce o presente, assim como o futuro aconchegado em seu embrulho. Em seu leito, tece um filme em sépia, com a leveza da brisa que emaranha os cabelos, que refresca o sorriso tão quente de reluzente e remexe o corpo como um acalanto. Tão pitoresco!
Então, minha cara, por que tantos embaraços ao desfazer os laços deste relógio promissor? 
Andarilhos são os pensamentos, que trôpegos, levantam a poeira do que há de vir, esfumaçando o que ainda está a caminho.  Intempestivos ares interiores que arrastam a matéria viva em seu estado deveras turbulento. À la gauche, interpreta o papel do presente, atarantando o tempo que o sucede. Que o precede. E daqui, o pitoresco reverencia Dali. Tão desatinado!
Minha cara, por que tanta culpa se o motivo da conduta é atender às demandas da câmera vital? 
A existência é o registro da graciosa arte. 
A pintura é única. Pode ser indiferente. Melhor, quando impressiona, inspira os expectadores e os próprios atores.
Por favor, menos delongas, minha cara!