Falta-me, por hora, o discernimento das coisas. As traduzo por ideias próprias, intenções alheias e propósitos de ambos. Irmã das coisas fugidias é minha atual convicção de parentesco.
Andei de mãos dadas com a prudência, e quando a soltei de vez e abracei a certeza de ser permissiva, me reconheci transeunte de estradas bloqueadas.
Lia-se na placa: "Proibida a passagem dos exaustos. Deixaste ao longo do caminho tua essência, a serenidade do íntimo e os passos sedentos. Perdeste neste novo itinerário. Andes, vás! Dês um passo atrás, para que possas talvez dar dois, três, ou até quatro à frente."
E fui empurrada. Troquei os passos. Cambaleei no caminho de volta. Realizei que àquela imposição não caberiam parcerias. Aceitei. Não de bom agrado. Com péssimo agrado.E ,à contra-gosto, regressei naquela estrada.Com os pés descalços, as feridas se abriram. Não vou mentir, ainda doem. Mas doem sem a perspectiva da ira, tenha essa certeza.
Reincorporei um pouco do que sempre coube a mim. Sublimei os maus presságios. Busquei paliativos.
E se, à priori, demonstrei revolta, não pense que seja por você ter mudado de ideia com tal rapidez, perdido a vontade ou enjoado mesmo. Metamorfose é característica inerente ao ser humano. É fato e não o contesto, admiro até. Mas tem que fazer-se metamorfosear sem ser leviano. Cativas e o é responsável por isto. Deve-se procurar sinestesia no discurso: ter tato ao verbalizar. Embora eu saiba que não o fez por má fé.
E eu, que mal entendo de sinestesia, só quis oferecer o melhor. Dentro das minhas condições, já desgastadas, mas o tentei. E decepcionei comigo mesma, quando descobri o infortúnio da tentativa.
Desejei a felicidade conjunta. Se foi preciso reparti-la, não quererei ficar sozinha com este bem. A compartilho e, com a permissão, instigarei sua mitose para ambos. Se no proveito tropeçar, Duas Mãos é meu nome.
Lindo, lindo texto. Tanta alma e sinceridade.
ResponderExcluirMas ai, Wanessinha, será que entendi certo? Fiquei preocupada...
Espero que esteja bem, linda!
Beijo e, repetitivamente, PARABÉNS!
:*
"Mas tem que fazer-se metamorfosear sem ser leviano. Cativas e o é responsável por isto. Deve-se procurar sinestesia no discurso: ter tato ao verbalizar. Embora eu saiba que não o fez por má fé." Tá tudo aí, né amiga? Tudo o que as mesas de bar ouviram, o telefone concordou e o coração não pode calar!
ResponderExcluirSeu texto tá lindo, sua nerdona. Vai escrever difícil assim na ... heiuheiuh brincadeira, ficou na onda certa.
beijo!
Essa felicidade conjunta é uma espécie de sonífero lento, vai tomando conta dos sentidos devagar... e aos poucos se instala.
ResponderExcluirTuas palavras exercem a força de um vento rígido e se desfazem nas beiradas da alma.
Perfeito, adorei teu canto, beijo flor
Wanessa, olá!
ResponderExcluirTexto delicioso, um achado de grande qualidade. Nem por isso que certamente signifique a dor comum e a desilusão trivial. Com belas ou com meras palavras, há que se abrir alguma torneira que deságue nossos desencantos. Dado o passo atrás, vamos em frente. Sentir o amanhã nos tomando pela mão e o ontem dando adeus e dizendo que aprendemos a lição não deixa de ser alguma sinestesia. Amei cada linha, cada palavra.
Abraço carinhoso
Lello Bandeira
E eu de ler os teus, Wanessinha!
ResponderExcluirAliás, que saudade de um texto novo, você escreve muito bem, sabia?
Espero que o próximo provenha de algo muito muito muito bom :D
Beijão flor :*