Consulto a caixinha do correio, ela persiste convicta em manter-se vazia. Não poucas vezes, inunda-me a impressão de que a vida é uma festa para a qual não me enviou o convite.
Que audácia, a dela!
Só que, por existir uma reserva de quarto para a meninice na alma, pulo o muro dos fundos e lá estou de penetra no evento. Faço-me auto convidada. O ambiente parece envolto pela inércia do excelente estado. A artilharia da oposição se mascara. E o desenrolar dos fatos acontece, como é de se supor.
Exponho-me em sinceridade. A infante grita do seu leito. Por ouvi-la em bom timbre, também ponho crédito na genuinidade de outrem. Resultado: a paradoxal sensação de contentamento e aflição no trigésimo dia. Anseio por recidiva, clareza de que há ressalvas.
Com os joelhos ainda ralados e as mãos sujas com a poeira do chão, não me reconheço uma atacante inata. A injúria não é meu objetivo. O único argumento que utilizo é a armadura desajustada. Aliás, careço também da conduta auto-explicativa. E deixo espalhado em outdoors o apreço por ele, só não vê quem não quer.
Sussurro para aquela que grita dentro de mim: “abranda-te lá no âmago, menina, com o estado de sítio que vigora!”
Refugio das artilharias estrangeiras, ajusto minha armadura de proteção e me alojo em trincheiras emocionais. Explorem todo o campo da superfície - o da superficialidade -, soldados, exceto o meu terreno escavado. Reconheço-me, por enquanto, abstêmia radical e não lhes dou a alternativa para mais estragos.